O Fim do “Site-Centric”: Bem-vindos à Era do Commerce Everywhere

O modelo de depender exclusivamente de tráfego pago para seu site próprio tornou-se insustentável com o CAC cada vez mais alto. Descubra como a estratégia de *Commerce Everywhere* utiliza a força dos Marketplaces, Redes Sociais e IAs para a primeira venda, transformando seu e-commerce e ERP em um hub focado no que realmente gera lucro: fidelização e LTV.
O que você vai ver neste artigo

Quando Bruce Lee disse para “esvaziar a mente e ser como a água”, ele ensinou que se você coloca água numa xícara, ela se torna a xícara; numa garrafa, ela vira a garrafa. No varejo digital atual, sua marca não pode mais se dar ao luxo de ser “gelo” — rígida, estática e presa apenas ao formato do seu próprio site, porque o mercado se transformou em um conjunto de recipientes variados.

Se você é empresário e ainda acredita que o funil de vendas digital começa com um anúncio no Instagram levando para a página do seu produto no e-commerce, trago uma notícia não tão legal: esse modelo está quebrando. Ou, no mínimo, ele se tornou caro demais para ser sua única aposta.

Estamos vivendo uma migração brutal no varejo digital. O modelo clássico de “atrair tráfego para meu site proprietário” está dando lugar ao conceito de Commerce Everywhere. Hoje, o cliente não quer sair do app onde está se divertindo para comprar. Ele quer fluidez.

O desafio das marcas não é mais “levar o cliente até a loja”, mas sim levar a loja até onde o cliente já está, seja no marketplace, na rede social ou, como já estamos presenciando, dentro de uma conversa com uma Inteligência Artificial.

O cenário atual: Por que mudar?

A matemática do e-commerce tradicional (D2C – Direct to Consumer) está sendo espremida. O Custo de Aquisição de Clientes (CAC) disparou. Dados globais de 2024/25 mostram que o CPC (Custo por Clique) em plataformas como Google Ads quase dobrou em relação a 2021 em diversos setores.

Enquanto isso, os marketplaces e redes sociais se tornaram os novos buscadores:

  • A “Amazonização” da Busca: Globalmente, cerca de 60% das buscas por produtos já começam diretamente dentro de marketplaces (como Amazon e Mercado Livre), pulando o Google.​
  • Social Commerce Explosivo: A previsão é que o social commerce no Brasil ultrapasse US$ 1 bilhão em 2025. O consumidor vê o vídeo no TikTok e quer comprar ali mesmo, sem fricção.​
  • O Novo Entrante (LLMs): Ferramentas de IA Generativa já direcionam mais de 6 milhões de visitas mensais para e-commerces no Brasil, comprimindo a jornada de descoberta e decisão.​

O jogo mudou. Seu site próprio não morreu, mas a função dele mudou drasticamente.

Os 3 novos hubs de compra:

Para sobreviver e escalar, sua marca precisa dominar três frentes simultâneas.

1. Marketplaces como canais de aquisição

Esqueça a ideia de que marketplace “rouba” seu cliente. Encare a taxa do marketplace (take rate) como seu CAC. Se você paga 18% de comissão para o Mercado Livre, isso é marketing. É geralmente mais barato do que tentar trazer esse mesmo cliente frio via Facebook Ads para um site que ele não conhece e não confia.

Grandes players como Mercado Livre e Shopee não são apenas prateleiras; são motores de busca com logística integrada.

2. Social Commerce: Entretenimento é a nova vitrine

Plataformas como TikTok e Instagram deixaram de ser apenas redes sociais para se tornarem ecossistemas transacionais. O checkout nativo está evoluindo. O cliente assiste a um review, clica e compra.

No Brasil, o social commerce cresceu 23,1% ao ano entre 2021 e 2024. Se sua marca não tem conteúdo “shoppable” (comprável), você está invisível para a Geração Z e Alpha.

3. LLMs e a busca assistida (o futuro agora)

Esta é a fronteira onde poucas marcas estão olhando. Quando um usuário pergunta ao ChatGPT ou Perplexity: “Qual o melhor tênis de corrida para iniciantes com pisada pronada até R$ 500?”, a IA entrega uma resposta pronta, muitas vezes com links diretos para os produtos ou diretamente para compra.

Sua marca precisa ter dados estruturados e relevância semântica para ser “citada” por essas IAs. Não é mais sobre SEO de palavras-chave, é sobre SEO semântico e autoridade de marca.

O desafio operacional: A “dor” do Omnichannel

Estar em todos esses lugares parece lindo na teoria, mas é um pesadelo logístico se não houver orquestração. Vender no Mercado Livre, na Shopee, no TikTok e no site próprio sem integração resulta em:

  • Overselling (vender o que não tem);
  • Disparidade de preços que confunde o cliente;
  • Caos na emissão de notas fiscais.
  • Estresse e desgaste generalizado na equipe

A Solução: ERP como coração da operação

Aqui na SalesMode, somos pragmáticos: sem um ERP (Enterprise Resource Planning) competente, você não escala. Ferramentas como Bling ou Tiny deixaram de ser opcionais. Elas funcionam como o “cérebro” que:

  1. Centraliza o estoque (vendeu no ML, dá baixa no site automaticamente).
  2. Unifica a expedição de pedidos, notas fiscais e recebíveis.
  3. Gerencia preços de forma inteligente e massiva.

A tecnologia deve trabalhar para você, não o contrário. A complexidade de canais exige simplicidade na gestão central.

A virada de chave: Aquisição vs. Retenção

Aqui está o “pulo do gato” estratégico que buscamos implementar com nossos clientes:

Use os canais de terceiros (Marketplaces/Social) para a PRIMEIRA venda (Aquisição).
Use seus canais proprietários (Site/App) para a SEGUNDA venda (Retenção).

Seu site próprio deixa de ser o foco de tráfego frio e passa a ser uma máquina de LTV (Lifetime Value). É nele que você tem margem maior (sem comissões de terceiros) e controle dos dados. Mas como fazer o cliente migrar do Mercado Livre para o seu site?

Estratégias de fidelização (pós-venda)

O cliente comprou no marketplace? A experiência de unboxing deve ser a ponte para o seu site.

1. Cashback e Giftback Inteligente

O desconto está morrendo; vida longa ao Cashback. Pesquisas mostram que o cashback aumenta a retenção de clientes em quase 5 vezes.

  • A tática: Em vez de dar 10% de desconto (que o cliente esquece), dê 15% de cashback válido por 90 dias para a próxima compra no seu site.
  • Isso cria um compromisso psicológico de retorno. Ferramentas que gerenciam essa carteira digital são essenciais para automatizar os lembretes via WhatsApp/SMS

2. Experiência e comunicação proprietária

No marketplace, o cliente é “do marketplace”. No seu site, o cliente é seu. Use isso.

  • Crie réguas de relacionamento via e-mail e WhatsApp baseadas no comportamento de compra.
  • Ofereça produtos exclusivos ou bundles que só existem no seu site.
  • Implemente programas de fidelidade onde o cliente vê vantagem real em se identificar (dados mostram que 83% dos consumidores veem valor na melhora da experiência através de fidelidade ).​

Conclusão

O mercado mudou de Traffic-First para Context-First. As marcas vencedoras de 2025/26 serão aquelas que conseguirem:

  1. Estar onipresentes onde a atenção do cliente está (Marketplaces, Social, IAs).
  2. Centralizar a operação tecnológica para não colapsar.
  3. Usar essa capilaridade para trazer o cliente para “dentro de casa” e fidelizá-lo.

Não lute contra a correnteza dos grandes marketplaces e redes sociais. Use a força deles a seu favor e construa sua represa de clientes leais no seu próprio terreno.

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Renato Cruz

Com uma extensa trajetória profissional, Renato Cruz é referência em projetos digitais e e-commerce. Ao longo de mais de 18 anos como empreendedor, se especializou em marketing, tecnologia e estratégias de vendas para e-commerces.Em 2021, fundou a Sales Mode, uma assessoria de marketing e vendas focada em e-commerce que impulsiona o faturamento de seus clientes, gerando milhões de reais em receita mensalmente.

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